Solta-Mente: à mente solta por todo o lado

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Solta-Mente-Selma-Nunes

Os foguetes, os very lights e até alguns fogos de artifício começaram a rebentar três ou quatro dias antes do Ano Novo. Se bilhete de lotaria premiado, se receção pouco discreta de qualquer produto ilícito, ou ejaculação precoce, fica o mistério. Tenho para este novo ano que encetámos mais ou menos juntos o desejo de tímpanos saudáveis e paciência para todos nós, pois que isto de acordar a meio da noite a achar que estamos a ser bombardeados por uma qualquer loucura explosiva não pode ser saudável.

“Libiamo, libiamo ne’lieti calici/ Che la belleza infiora”

Inflada de espírito burguês, adorava dizer que acendo uma velinha perfumada e não explosiva pela alminha dos fígados dos que andaram quatro dias nisto, mas não consigo ir tão longe. É só porque gosto do cheiro da vela. Que aprendam a beber água, de preferência, salgada.

“Tutto è follia, follia nel mondo ciò che non è piacer”

Não sou nem aspiro a ser uma sóbria bacoca, moralista e maçadora a administrar aqui a dose da fria realidade do ressacado janeiro, em todos os seus esplendorosos três mil dias e noites gélidos, entre bocadinhos da La Traviata, nem vou agir como quem se engasgou à primeira passa e está a procura da gerência para reclamar… mas que devia haver uns aí uns/ umas influencers a lançar a moda do civismo e do senso comum, não tenho dúvidas.

“In questo, in questo paradiso ne scopra il nuovo dìa”

E assim, deste nosso paraíso algarvio, desejo um 2025 fantástico e que este primeiro longo mês não seja muito frio, mas que chova, pois precisamos da água. Mais água. Os foguetes não são divertidos. São barulho. Já paravam, por…favorzinho. Que as vossas resoluções se cumpram, que nos aguentemos todos nas canetas e que estejamos cá todos a celebrar o próximo, também. “Libiamo”.

Selma Nunes