Loulé vai receber equipamento de diagnóstico para colmatar resposta Oncológica no Algarve

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Através de uma parceria que envolve a Câmara Municipal de Loulé, a ULS – Unidade Local de Saúde do Algarve e o ABC – Algarve Biomedical Center, a região vai ter, já em 2026, um PET – Positron Emission Tomography, a única resposta oncológica, ao nível do diagnóstico, que atualmente não existe no Algarve.

Em conferência de Imprensa realizada esta terça-feira, nos Paços do Concelho de Loulé, as três entidades anunciaram este investimento integrado no Serviço Nacional de Saúde, que evitará que os doentes tenham que percorrer cerca de 600 kms (viagem de ida e volta a Lisboa) para realizar um exame de diagnóstico.

Depois de toda a polémica em torno da construção do CORS, o Município de Loulé avançou com uma nova proposta que constitui “a solução mais rápida” para garantir uma resposta completa em termos de serviços prestados a doentes oncológicos na região. Este é, de resto, o único equipamento que faz falta para que os algarvios encontrem neste território todas as respostas, quer em termos de tratamento, mas também de diagnóstico. Note-se que, atualmente são cerca de 2000 exames por ano “adquiridos ao exterior neste âmbito”, como referiu o responsável da ULS, Tiago Botelho.

Assim, o Município irá disponibilizar o terreno com viabilidade construtiva, localizado na Rua Humberto Pacheco, em Loulé, contíguo ao edifício do ABC Outreach (laboratório de genética médica), para a instalação do equipamento, suportando ainda a contrapartida nacional do projeto. O investimento previsto de 3,5 milhões de euros respeitante à construção do edifício e aquisição de equipamento, -um valor bastante inferior ao que seria afeto ao CORS -, terá financiamento de fundos comunitários, através do PO Algarve 2030 (60%). Caberá à Câmara Municipal de Loulé a comparticipação da restante verba (40%).

Por seu turno, a ULS garantirá, através do seu Centro Académico – ABC, as condições necessárias para a realização de todas as PET do Algarve no novo equipamento, até ao início do funcionamento do Hospital Central do Algarve. Quando essa obra estruturante para região estiver concluída, “seguramente o Algarve já vai necessitar de dois equipamentos a funcionar”, como projeta Tiago Botelho, pelo que o Hospital Central irá integrar um outro PET, mantendo-se, no entanto, este em Loulé.

O ABC junta a este projeto “toda a capacidade do ponto de vista tecnológico e científico para encontrar a melhor solução para fazer a exploração deste equipamento”, mas também para encontrar os recursos humanos e fins de investigação associados ao diagnóstico. A parceria que o ABC mantém com o ICNAS – Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde, em Coimbra, permitirá agilizar a operacionalização do PET.

Refira-se que, como foi sublinhado durante esta apresentação, existe neste momento capacidade de resposta integral no Algarve para toda a realização de tratamentos radioncológicos e existe tecnologia adequada disponível, nomeadamente de radioterapia, radiocirurgia e braquiterapia, em particular na Clínica de Radioncologia do Algarve. Por outro lado, o novo Serviço de Medicina Nuclear do Hospital de Portimão integra equipamento topo de gama que permite o diagnóstico precoce de doenças. No entanto, este equipamento que permite realizar um exame de imagem que avalia o metabolismo de órgãos, tecidos, ossos e tumores era uma lacuna. 

“Garante uma resposta completa, é a solução mais rápida, não compromete as melhores condições que irão existir no futuro Hospital Central do Algarve, e minimiza deslocações que teriam de ser feitas se existisse uma unidade de oncologia separada do Hospital, poupando incómodos, otimizando recursos”, notou Vítor Aleixo.

A Câmara Municipal de Loulé, mais uma vez, quis assim dar um passo em frente para apoiar uma infraestrutura de interesse regional. “Não nos compete a nós decidir mas podemos muito bem colaborar para encontrar uma solução rápida, viável, para que, no mais breve prazo de tempo possível, possamos ter à disposição dos algarvios, aquilo que faltava para poderem ter um diagnóstico e tratamento completo em termos do cancro”, afirmou o edil.

Tiago Botelho, da ULS, falou das “várias vicissitudes do projeto anterior” e, em relação a esta proposta sublinha o facto de se ter “focado no essencial, isto é, oferecer à região aquilo que ainda não tem na resposta oncológica, a única valência que ainda faz deslocar doentes a 300 kms para fora do Algarve”.

“O ABC já tem no seu currículo respostas dadas no passado e, sempre que foi chamado, disse presente. Mais uma vez, que necessitamos de uma resposta rápida e forte, não podíamos dizer que não. Temos capacidade instalada, quer a nível de investigação, quer a nível de formação nesta área, e podemos oferecer de imediato essa capacidade e a operacionalização neste equipamento de diagnóstico”, sublinhou o presidente desta entidade, Pedro Castelo Branco, ele próprio investigador há mais de 20 anos na área do cancro.

A construção, aquisição e instalação do equipamento desenvolver-se-á em 2025 e 2026, prevendo-se o seu funcionamento pleno no próximo ano. Como explicou Tiago Botelho, o CORS “deixa de fazer sentido com este investimento”.

Para já, a solução apresentada “foi recebida positivamente” pela Ministra da Saúde, Ana Paula. “Penso que ninguém vai querer parar este projeto que reúne o consenso da região, dos técnicos e de quem está na prestação dos cuidados de saúde”, disse ainda o responsável da ULS. Opinião partilhada pelo autarca louletano: “Quando se fala em saúde das pessoas, isso sobreleva qualquer outro valor”.

CM Loulé