No passado dia 7 de abril, para assinalar o Dia Mundial da Saúde, foi organizado um rastreio de movimento gratuito no Clube Recreativo da Pedra Mourinha, dirigido a pessoas com idade igual ou superior a 65 anos. O rastreio centrou-se na avaliação da capacidade dos participantes para se deitarem e levantarem do chão — um indicador-chave da autonomia funcional e da fragilidade em adultos mais velhos.
Movement screen for older adults – Lying down and getting up from the floor. – YouTube
Esta iniciativa contou com o apoio do Curso de Licenciatura em Fisioterapia da Universidade do Algarve.
Foi nesta premissa que se baseou, assente em acontecimentos factuais, o rastreio idealizado por Joel Fernandes, Fisioterapeuta há quase 20 anos.
Cair é um acontecimento que pode acontecer a qualquer pessoa. Mas, à medida que os anos passam, as quedas podem trazer consequências mais sérias para a saúde e a independência. Aliás, os números são claros sobre esta evidência: mais de 30% dos indivíduos com idade superior a 65 anos, sofre anualmente uma queda, sendo que este número aumenta para aqueles que se encontram institucionalizados.
As consequências das quedas variam em gravidade, podendo contribuir como causa primária de morte para cerca de 40% dos casos.
Os programas terapêuticos associados a esta temática centram-se quase exclusivamente na prevenção do risco de queda, com a aplicação de programas variados de exercício e ensino. No entanto, apesar da sua enorme importância, é necessário investir nas competências que o idoso deve ter quando a mesma ocorre.
Joel Fernandes, há anos que desenvolve estas duas vertentes, tendo mesmo criado uma intervenção – Movement Beyond Fifty (Movimento para lá dos 50) – que avalia o risco de queda, atua na sua prevenção e, sobretudo no ensino de saber levantar-se com calma e segurança, o qual já foi aplicado em centenas de pessoas.
O meu trabalho nesta área surgiu quando um dia a minha avó, uma mulher perfeitamente independente nas suas atividades diárias, caiu em casa e não conseguiu levantar-se, o que a obrigou a estar algumas horas à espera que a minha mãe a encontrasse e socorresse, explica Joel Fernandes. Felizmente o episódio não provocou lesões diretas, mas a verdade é que a deixou inquieta e muito insegura.
O fundamento para realizar este rastreio nasce deste episódio e acreditei que divulgá-lo no Dia Mundial da Saúde fazia todo o sentido. Para o efetuar em grande escala, necessitava de apoio, o qual foi prontamente acedido por parte do Curso de Licenciatura em Fisioterapia da Universidade do Algarve, na pessoa da sua Diretora Prof. Ana Paula Fontes, do Prof. João Felício e dos seus estudantes.
Conseguimos avaliar cerca de 100 idosos, oriundos de forma autónoma da comunidade, mas também de instituições e, estamos convictos que foi um momento de extrema importância para todos os que participaram. Além de uma bateria de avaliação funcional e da atividade levantar/sentar do chão, foram ensinados exercícios de fortalecimento, equilíbrio e coordenação determinantes para a autonomia neste âmbito.
O trabalho de prevenção de quedas é fundamental, mas deve culminar nesta atividade que pode efetivamente salvar vidas e restituir liberdade e proteção. A evidência diz-nos que a queda vai inevitavelmente acontecer. Face a este determinismo, resta-nos oferecer ferramentas para a ultrapassar.
Estamos convictos que estas ações fazem parte do compromisso de promover uma vida mais ativa, segura e saudável. Agradecemos a todos os que participaram e também à Direção do Clube Desportivo Recreativo Pedra Mourinha que de forma muito pronta e amável nos cedeu o gimnodesportivo onde se realizou o rastreio.
JF Fisioterapeuta