Cruzou descuidadamente as longas pernas perfeitas.Parecia alheada do caótico cenário que a rodeava.
("hum...what´s happen baby?what´s happen? ",perguntou-lhe ele em Denver)
Lentamente,como quem vagarosamente acorda para o mundo,começou a descansar os belissimos olhos azuis nas inúmeras telas que escondiam o laranja pálido das paredes do amplo estúdio.
("querrrros um pequeno café e um grrrande café com lait",pediu ela numa esplanada da baixa de Coimbra )
Mas,mas façamos uma pequena pausa e ... ...
......e Elaine era francesa.Tinha nascido numa segunda feira,às 12 h TMG, no hospital central de Nice no ano de 1958.
("Grâce à toi,je ne faisais guère d'íllusions",murmurou ela na Tate Galerie,em mais uma mórbida exposição da Paula Rêgo)
De sua mãe inglesa havia herdado o nome Elaine e os olhos mais blues que ele já havia amado.
Tornou-se menina esguia em Grenoble e mulher interessante muito interessante em Toulouse.
Conheceram-se em Roma,sorrindo-se na coincidência cosmica de ambos adorarem os tiramisú que lentamente e à mesma hora e ao mesmo minuto e ao mesmo segundo apreciavam sentados em duas mesas distintas mas não distantes na sala solitária do restaurante La Donna .
Ele,então,num um italiano bastante imperfeito, perguntara-lhe de onde vinha.
Ela confidenciara-lhe para onde ia .
Sairam juntos e ela e ela e ela,sem saber, começara a amar em português.
Ele chamava-se,ou deveria eu dizer,chama-se Jorge.
Quatro anos mais novo que Elaine.
Jorge não procurava o amor. Estava em Roma a convite da International Art Magazine. Havia preferido,como era hábito seu,um jantar em sossego,enquanto revia mentalmente notas soltas sobre a palestra agendada para essa noite.Iria apresentar as suas mais recentes opiniôes sobre a Utilidade da Palavra na Pintura Moderna.
(CONTINUA PARA A SEMANA COM O DEPOIMENTO DE ELEIN SOBRE JORGE.)