“MUSEUS SEM RESERVAS?” foi o tema das 1ªs Jornadas da Rede de Museus do Algarve com que no passado dia 17 de Março se assinalou o seu 10º aniversário.
Constituída em 2007, a Rede de Museus do Algarve (RMA), organização informal que reúne os profissionais da maioria dos museus, e outras estruturas e entidades da área do património cultural e natural da região algarvia, juntou em Loulé (com o apoio da Câmara Municipal) muitos dos seus membros, colaboradores e interessados (num total de quase 100 participantes) para pensar e reflectir sobre este tema.
Questionar os limites da atuação dos museus e dos seus profissionais no seio das suas comunidades; Descobrir e debater que tipo de reservas ou fronteiras mentais, científicas, culturais, sociais, económicas ou institucionais ainda determinam a vida das estruturas museológicas e patrimoniais do Algarve; Perceber se, entre paisagens culturais e naturais, patrimónios, artes, saberes, o intenso ritmo e a complexidade da vida quotidiana, ainda haverá lugar para pensar, renovar, abrir ou transformar museus; Propor novos modelos de atuação e respostas dos museus mais adaptadas à realidade e aos desafios contemporâneos das nossas sociedades. Foram algumas das questões que orientaram a concepção do programa e as intervenções dos membros da rede e convidados.
Nas CONFERÊNCIAS DE ABERTURA evocou-se o período de constituição da RMA e o seu percurso ao longo destes 10 anos, lançando-se desafios para o futuro dos museus, entre eles a extensão dos museus ao território (extended museums) e a reinvenção da missão comunitária dos museus.
No primeiro painel EXPERIÊNCIAS INSPIRADORAS, ouvimos representantes de dois grupos de amigos de museus da Rede e o seu contributo para abrir o museu a novos públicos, apresentaram-se experiências de envolvimento comunitário, de abertura das reservas a investigadores e à comunidade, e de como articular memória e transformação em processos de actualização museológica.
À tarde no 2º painel ABRINDO CAMINHOS DE FUTURO, falou-se de autonomia na gestão dos museus, de exomuseus sem reservas em reservas naturais, da gestão de monumentos musealizados versus museus, e lançaram-se reflexões sobre o futuro dos museus na região.
Perto do final a Rede de Museus do Baixo Alentejo, organização vizinha, partilhou o seu percurso, actividades recentes e desafios para o futuro. A encerrar, em OUTROS TEMPOS, NOVOS MUSEUS apresentaram-se museus recentes que têm surgido na Europa acompanhando os desafios contemporâneos da nossa sociedade, seus problemas, evolução e contradições. Exemplos inspiradores quando perspectivamos o papel dos museus na actualidade.
As primeiras Jornadas da RMA foram, para além de um momento de encontro e partilha entre os seus membros, uma oportunidade importante para reflectir sobre o seu percurso, mais-valias, constrangimentos e actividades desenvolvidas durante 10 anos. Reconheceram-se os impactos da RMA – uma estrutura horizontal, informal e ágil – nas equipas dos museus (sua formação, partilha de informação e recursos), na transformação da prática museológica com o desenvolvimento de projectos comuns entre os seus membros, projecção da visibilidade dos museus e abertura a diversos públicos, e colocação de uma estratégia museológica na agenda política para o desenvolvimento regional. Oportunidade também para perspectivar caminhos e desafios para o futuro que poderão passar pela articulação com outras redes museológicas regionais, bem como com outras redes da região na área da cultura.Fonte: Coordenação da RMA