Encontro junta 27 oradores, de várias nacionalidades, que vão explorar diferentes temáticas relacionadas com a prática da atividade
O Diving Talks é o maior encontro internacional de mergulho a realizar-se em Portugal e, de 7 a 9 de outubro, volta a reunir em Tróia a elite mundial do mergulho. Na sua segunda edição, o evento junta 27 oradores, de várias nacionalidades, que vão explorar diferentes temáticas relacionadas com a prática da atividade. Entre o mais inovador e revolucionário equipamento de mergulho; as histórias do mergulhador que liderou a equipa que descobriu os destroços do S/S Karlsruhe (último navio nazi a sair de Konigsberg); passando pelo CEO da agência aeroespacial que, através das descobertas realizadas no fundo dos oceanos está a contribuir para a conquista espacial, são muitos os temas que cabem nos três dias do evento.
Coleção fotográfica dá o mote para criação de acervo em Portugal
Ainda antes do arranque do Diving Talks, a comunidade de mergulho vai assistir a um momento importante para a consolidação da prática da atividade em Portugal. Contando com o contributo de trabalhos de quatro oradores presentes no evento, vai ser inaugurada – a 6 de outubro, às 17h00, na Biblioteca Municipal de Grândola – uma coleção de fotografia subaquática que tem como objetivo, não só dar a conhecer espécies e alguns “pedaços da história” que agora “residem” no fundo dos oceanos, como consciencializar para a necessidade de promover políticas e comportamentos mais sustentáveis. A primeira edição da mostra é ainda o mote para a construção de um acervo de fotografia subaquática em Portugal.
Nuno Vasco Rodrigues e Nuno Sá (que na mostra assume também o papel de curador) são os dois portugueses em destaque na exposição. Biólogo marinho e investigador no MARE, do Instituto Politécnico de Leiria, Nuno Vasco Rodrigues especializou-se em fotografia subaquática, tendo, no ano passado recebido a distinção de Fotógrafo de Conservação do ano pela Ocean Geographic Society. Este ano, obteve dois prémios na Competição de Fotografia do Dia Mundial dos Oceanos, promovida pela Organização da Nações Unidas (ONU), tornando-se o primeiro português a ser distinguido com este prémio. Já Nuno Sá especializou-se a fotografar “grandes animais”, tendo no seu portefólio a participação em várias produções da National Geographic e da BCC, entre as quais Blue Planet II, e também para séries nacionais, como “Mar, a última Fronteira”, transmitida na RTP1 e RTP3.
A estes dois talentos nacionais juntam-se Brandi Mueller e Ellen Cuylaerts, ambas fotógrafas da vida selvagem marinha – no caso de Mueller também de naufrágios da Segunda Guerra Mundial. O que mais as une, além do mergulho, é a missão de, através das suas imagens, procurarem contribuir para a conservação das diferentes espécies marinhas, promover a conservações dos oceanos e a proteção das comunidades intimamente ligadas ao mar.
Quais são as principais descobertas no setor do mergulho?
A maior parte das pessoas não saberá que um mergulhador carrega cerca de 30kg de equipamento e que esse peso, além de desconfortável, pode tornar-se perigoso com a instabilidade dos barcos e da ondulação do mar. Aviad Cahana irá apresentar, no segundo dia do Diving Talks (8 de outubro), o Avelo System, um equipamento de mergulho revolucionário que é leve e redefine o conceito de flutuabilidade no mergulho. Questionando a necessidade de utilização de equipamentos pesados para a prática da atividade, Aviad desenvolveu um sistema que permanece neutro, utilizando o peso da água do mar, permitindo mergulhos mais longos para qualquer mergulhador.
Também Bill Stone marcará presença no segundo dia do evento. O conhecido CEO da agência aeroespacial Stone Aerospace, que tem trabalhado com a NASA, vai demonstrar como a Inteligência Artificial tem permitido que as máquinas façam coisas que os humanos não podem, substituindo os mergulhadores na pesquisa e no avanço científico.
Sobre pessoas inspiradoras e histórias de superação, Dália Faria vai explicar – no dia 9 de outubro – como o mergulho é inclusivo. Com 51 anos e paralisia espática, Dália tem o curso de mergulho e tem promovido a defesa dos direitos e igualdade das pessoas com deficiência em Portugal. Também Manthos Marras tem feito o que para muitos pode parecer impossível: paraplégico, depois de um acidente, começou a mergulhar em 1995, acabando por criar o seu próprio centro de mergulho. Desde lagos gelados, a águas tropicais, passando por caves, Manthos Marras tem vindo a mergulhar em todo o mundo. Destaque ainda para a presença de Tomasz Stachura (dia 9) – um dos mergulhares de naufrágios mais ativos no Mar Báltico. Na sua apresentação, o orador vai procurar esclarecer dúvidas sobre o que era transportado no S/S Karlsruhe, o último navio nazi a sair de Konigsberg, e que de resto suscitou muita curiosidade ao longo dos anos, até porque a sua localização era totalmente desconhecida até que ele e a sua equipa o descobriram no Mar Báltico.
Ainda no âmbito do evento será apresentado International Survey | Diving Talks, um estudo internacional sobre o setor de mergulho, que teve como objetivo traçar o perfil dos seus praticantes e determinar tendências, dando uma visão abrangente sobre o potencial da modalidade para o setor do Turismo em Portugal e sobre o seu impacto. O estudo contou com a participação de profissionais do setor (18%) e praticantes de mergulho (82%), reunindo respostas dos cinco continentes. As inscrições para o Diving Talks estão disponíveis e os valores variam entre os 20 e os 90 euros, mediante o tipo de experiência que os participantes escolherem (mais informações no website do evento: https://www.divingtalks.com/tickets/).
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