Para os mais distraídos: o que é antigo está na moda e o que está na moda está a ser dinamizado. Estou a falar do nosso património cultural. As visitas aumentaram desde que a Direção Regional de Cultura, municípios e associações culturais se juntaram para que visitar estes sítios não seja apenas olhar para paredes velhas. E com sucesso! Há música. Há teatro. Há festa. Contam-se histórias. (Não sei, mas até pode ser que haja caracóis e pipis.) E quem não sabe isto está “out” ou anda a ver as montras erradas. Há que reconhecer o esforço e a vontade.
Para além disso, estão a aparecer uma espécie de tabernas, ao nosso estilo. Isto é, casas que se parecem com tabernas, decoradas a preceito, pequeninas, com loiças antigas e bancos corridos, onde se apinham jovens adultos para degustar coisas que há uns dez anos atrás os fazia torcer o nariz e fugir para a “fast food” sem olhar para trás. Agora deliciam-se com os acepipes portugueses e fazem muito bem – são bons, além de “in” e ajudam à nossa economia. Tomara que não passe a moda.
Os salões das antigas recreativas estão a ser aproveitados para apresentar músicos da terra, de todos os estilos, quase todos os fins de semana. Ainda esta sexta estive a ouvir um quarteto de jazz no Clube Farense. A sala estava cheia.
As pessoas estão a mexer-se e a querer fazer coisas diferentes e quando as pessoas se mexem, as entidades vão atrás. Há que aprender isto de uma vez por todas. Nós somos a banda, eles dançam ao nosso ritmo. Só assim é saudável.
O Olhanense juntou-se ao movimento dos ilhéus e teve bancadas cheias. É disto que se fala. Sinergias. Vontade.
O Algarve precisa da sua identidade cultural e mais do que nunca que o deixem ser igual a si próprio. Para isso, é preciso puxar por eles. E quando vejo estas coisas a acontecer, penso que estamos todos a aprender…e sinto esperança.
Selma Nunes