Em pleno período de férias, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, através da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono, a Linde, a Guarda Nacional Republicana e a Prevenção Rodoviária acabam de lançar uma campanha de alerta para a sonolência ao volante, problema que está na origem de 20% dos acidentes de viação.
“Em época de verão, de viagens mais longas rumo às férias e de regresso de tantos emigrantes ao nosso país, consideramos fundamental recordar a importância de um sono reparador antes de viajar”, afirma a Dr.ª Susana Sousa, representante da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
A campanha Não Conduza de Olhos Fechados visa alertar para os sinais de sonolência ao volante e reforçar o ensino de medidas de boa higiene do sono para uma viagem sem percalços. A Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono considera que, “tão importante como alertar para o perigo da condução sob efeito do álcool, de não cumprir as velocidades recomendadas ou de usar o telemóvel durante a condução, é chamar a atenção para o perigo da sonolência ao volante”.
Um estudo recente, que contou com a participação de 12.783 mil europeus, em 19 países, dos quais 1093 residiam em Portugal, concluiu que 23% dos participantes já tinham adormecido ao volante pelo menos uma vez nos últimos dois anos e 8% referiram ter tido um risco de acidente de viação como consequência de terem adormecido. Este estudo revelou ainda que 20% dos acidentes de viação estão relacionados com sonolência ao volante; que os homens têm quase o dobro do risco de adormecer ao volante do que as mulheres e que os indivíduos que conduzem maiores distâncias apresentaram maior risco de adormecer ao volante. Esse risco é três vezes superior nos indivíduos com alta probabilidade de apneia obstrutiva do sono.
Entre as diferentes causas que podem ser responsáveis pela sonolência ao volante, a Dr.ª Susana Sousa aponta, em primeiro lugar, os fatores comportamentais. “A privação do sono, ou seja, dormir menos que 7-9 horas, o trabalho excessivo por períodos prolongados, o trabalho por turnos e sem recuperação do sono nos períodos de descanso são causas frequentes de sonolência”, descreve. Segundo a pneumologista, “todos distúrbios do sono não tratados podem afetar a capacidade de alerta durante o dia e consequentemente, influenciar a capacidade para a condução”.
Os principais sinais de sonolência são:
– Bocejos frequentes
– Dificuldade de concentração
– Dificuldade em focar e manter os olhos abertos
– Sensação de sonhar acordado
– Reagir com mais lentidão
– Pensamentos desconexos
– Dificuldade em memorizar acontecimentos imediatamente anteriores
As medidas recomendadas para a prevenção da sonolência são:
– Dormir 7-9h de sono regularmente
– Não conduzir em caso de sonolência
– Reconhecer os sinais de sonolência ao volante*
– Parar o carro e dormir uma sesta 15-20 minutos em caso de se sentir com sono enquanto conduz
– Planear a viagem, programar o trabalho prévio à condução e considerar partilhar a tarefa de condução, em viagens longas.
Esta campanha pretende divulgar a mensagem, sobretudo, através das redes sociais. A parceria com as diversas entidades pretende potenciar a divulgação da mensagem e a partilha da mesma na população em geral. “Sendo uma temática que não se esgota, haverá espaço para outras iniciativas e outras formas de passar a palavra. Em suma, o mais importante é “naoconduzadeolhosfechados”, alertam as Dr.as Susana Sousa e Fátima Teixeira, pela Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono.Fonte: RxConsulting