À mente solta número um: Anacronismos. O Natal é um dia, vá lá, dois, se contarmos com a véspera, o Advento são quatro semanas, mas começa a parecer que é aquilo que separa o “Regresso às Aulas” da “cinzentice” de janeiro. Fico confusa, pois não sei se já posso começar a desejar Boas Festas a partir de outubro, ou vá lá, novembro, a pessoas que só vou ver outra vez assim… para o ano. Começo com um “Boas” corajoso e arrependo-me com um tímido “Tardes” para não errar por muito. O pior é que às vezes é de manhã.
À mente solta número dois: Sou cliente da mesma operadora de telecomunicações há anos. Pacote completo. Internet, Voz, Televisão e Telemóvel. Não mudo por preguiça e porque os outros são iguais em tudo, não valendo a pena o esforço. Não obstante, o que não faço mesmo é atendê-los cinco vezes por semana. Que me perdoem as pessoas que vivem de fazer isso. Bloqueei os números todos, e quando aparece um novo, bloqueio também. Uma operadora de telecomunicações que não consegue contactar alguém tem a sua piada. Há que parar de considerar os clientes como telefonistas sem salário, sacas de despejo de “pitch” comerciais. Se estiver descontente, contacto, se precisar de assistência contacto, se tiver dúvidas, contacto. Se eu estiver em dívida, contactem. Fora isto, é irritante, contraproducente e devia ser ilegal (mesmo através de empresas subcontratadas).
À mente solta número três: As calças à boca de sino voltaram. A ameaça nuclear está presente ao pequeno-almoço, todos os dias. Enterro a colher nos meus cereais integrais embebidos em leite magro sem lactose a pensar que para acordar uma sociedade pseudo-digital dormente, dependente de ecrãs e capaz de adorar com o mesmo fervor estrelas de pop e líderes políticos imersos no culto das suas próprias personalidades deveriam voltar também a boa música e uma espécie de “flower power” pacifista, com movimento social ideológico sério (e não de rede social).
Selma Nunes