Uma aposta que ninguém vai falar nisto?
Esta foi uma semana invulgar. Olhámos para o outro lado do Atlântico e descobrimos que os sobrinhos do tio Sam votaram num presidente que ninguém esperava ver eleito. Pelo menos, e felizmente, ninguém que eu conheça o queria por lá.
Este fim-de-semana, já em rescaldo mas ainda em profusa partilha de opinião sobre o sucedido, (tomara que o interesse na política resultasse em ida às urnas por cá!) o que acontece? O eleito Trump diz que vai deportar dois a três milhões de emigrantes.
Apesar da revolta com o que parece uma calinada à americana, daquelas com reverberações mundiais e fortes consequências ainda por apurar, não andamos muito longe da mesma doença. Uma aposta que ninguém vai falar nisto?
Na capital do nosso pequeno rectângulo houve uma manifestação de imigrantes pedindo a alteração da lei da emigração. Um grupo de militantes do partido extremamente muitíssimo à direita juntou-se no mesmo sítio para se manifestarem contra o outro lado. Resultado: óbvio.
Meus caros compatriotas, pelos comentários que ando a ler de apoio ao extremismo xenófobo, não muito diferentes em estilo daqueles que se viu no outro lado do Atlântico, (e que nos chocaram as portugalidades europeias) o melhor é largarmos a abstenção ou acontece-nos o mesmo.
Bem… ou mais do mesmo, ou pior que o mesmo. Isto para que não tenhamos, um dia, de ver a estátua do Cristo-Rei de mãos na cara pelas redes sociais, tal como a Estátua de Liberdade esteve por estes dias e que muito partilhámos (eu partilhei).
Cá pelos Algarves, vamos caminhando para o Natal com a graça dos vinte graus e dias maravilhosos debaixo das mangas das camisas. Convém aproveitar o calorzinho para as ir arregaçando por aquilo em que acreditamos, ou ainda somos condenados a sofrer na pele uma qualquer contra manifestação por andarmos mais bronzeados que o resto da malta.