1.080 alunos, receberam a “benção das suas pastas”, pelo Bispo do Algarve

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O bispo do Algarve pediu na tarde de Sábado, dia 27 de Abril de 2024, no Estádio do Algarve, localizado entre Faro e Loulé, aos estudantes finalistas da Universidade do Algarve (UAlg) que coloquem a “vida e o saber adquirido ao serviço dos outros”. Em breve teremos aqui a reportagem video, deste evento.

Na celebração da bênção das pastas, que teve lugar pela primeira vez no Estádio Algarve e para a qual se inscreveram 1.080 alunos, D. Manuel Quintas lembrou-lhes que “a realização pessoal e a conquista da verdadeira felicidade passam pela coragem e pela ousadia em partilhar os dons” pessoais.

Lembrando aos alunos que aquela iniciativa tem como finalidade não só “dar graças a Deus” “por todo o bem” que lhes concedeu ao longo do curso, mas “invocar a sua bênção” sobre as suas pastas, ou seja, sobre cada um deles no “novo caminho” que se preparam para iniciar, o responsável católico advertiu-os que “a partilha dos próprios dons não se improvisa” e “exige prática diária”.

Constatando haver “muita fome e sede na humanidade” dos dias de hoje, o bispo diocesano realçou que a “vida ganha forma e grandeza quando é vivida com os outros e ao seu serviço”.

D. Manuel Quintas renovou-lhes ainda alguns “desafios inspiradores” para a sua vida, “colhidos das muitas intuições que o Papa Francisco apresentou na encíclica ‘Laudato sí’, pedindo-lhes que se empenhem em “encontrar soluções concretas para os desafios com que se debate hoje a humanidade”; que nunca desliguem “os avanços tecnológicos duma componente ética e moral, como garantia da defesa da dignidade da pessoa humana e do respeito pela criação”; que inspirem as suas opções na “procura do serviço do bem comum”; e que se empenhem numa “participação cívica e social comprometida com uma opção preferencial pelos mais frágeis da sociedade”.

O bispo do Algarve acrescentou mesmo que no campo da justiça social, volvidos 50 anos sobre a Revolução de Abril, “ainda há um longo caminho a percorrer por todos”. “Não vos acomodeis aos problemas que ides enfrentar, mas fazei sempre parte da sua solução”, pediu na celebração que juntou milhares de familiares e amigos dos estudantes e que contou com a concelebração do capelão da UAlg, o padre António de Freitas, e do padre António Manuel Martins, antigo capelão daquela academia.

D. Manuel Quintas recuperou ainda outra intervenção do Papa, desta vez na Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, no encontro com estudantes da Universidade Católica. “Se o conhecimento adquirido com o vosso curso não for acolhido como uma responsabilidade cívica, torna-se estéril. Se quem recebeu um ensino superior, não se esforçar por restituir aquilo de que beneficiou, significa que não compreendeu profundamente o que lhe foi oferecido.O título académico não deve ser visto apenas como uma licença para construir o bem-estar pessoal, mas como um mandato para se dedicar a construir uma sociedade mais justa, uma sociedade mais inclusiva, ou seja, mais desenvolvida”, afirmou, citando Francisco.

Todos os restantes oradores também se referiram à Revolução do 25 de Abril, cujos 50 anos de ocorrência foram esta semana assinalados, mas para lembrar a ligação entre aquele acontecimento e a UAlg. O primeiro a fazê-lo foi o reitor. “Há dois dias comemorámos os 50 anos da Revolução de Abril que permitiu a instauração do regime democrático que nos trouxe a liberdade. A nossa universidade é filha de abril, criada em 1979, há menos de 50 anos, não por um governo como as demais universidades, mas pela Assembleia da República. Tenhamos isso presente”, afirmou Paulo Águas. 

O presidente da Câmara de Faro lembrou que aquela revolução “trouxe a liberdade” e a muitos “a possibilidade de estudar, de ter acesso a níveis de ensino superior”, evidenciando que antes isso “era um privilégio para alguns”. “Por isso, gostaria de vos desafiar a refletir sobre o que significou, ao longo deste meio século, a conquista da democracia, pondo o vosso dever cívico em ação. Se as gerações mais novas tem na sua mão a responsabilidade de consolidar e construir um futuro, que a Revolução do 25 Abril sirva para repensar os desafios que temos pela frente na construção desse mesmo futuro, o que queremos para o amanhã. E são vocês que vão ajudar a construir-lo”, afirmou Rogério Bacalhau.

O autarca desafiou mesmo os estudantes a refletir se querem o “controlo democrático da economia”, “a solidificação de uma sociedade livre de racismo, machismo, homofobia e outras opções”, “a justiça como poder independente e ao serviço dos cidadãos e dos direitos dos trabalhadores”, “a existência de uma imprensa livre e respeitada onde cada um pode afirmar as suas opiniões”, “a ausência de ideologias populistas e vazias que apenas repetem chavões sem conteúdo sem prévia reflexão”, “a obrigatoriedade de cuidar do ambiente” e “a guerra que traz graves consequências a todo mundo”. “Isto deve estar nas vossas preocupações agora que vão entrar no mundo do trabalho e perceber melhor as dinâmicas sociais, políticas e económicas ou o 25 de Abril não terá servido de muito”, sustentou.

O presidente da Câmara de Loulé considerou a UAlg “filha da democracia”. Tal como o reitor, também Vítor Aleixo lembrou que aquela universidade não foi criada como as outras, mas “por decreto da Assembleia da República”. “Isso é algo que a torna única e que a associa de uma forma claríssima à Revolução Democrática do 25 de Abril”, sustentou, lembrando que “a liberdade de pensamento e a liberdade de expressão foram conquistadas por outra geração que ambicionava uma sociedade mais coesa que permitisse dar aos seus filhos e netos a oportunidade de uma vida melhor, mais esclarecida em larga medida e muito mais justa”. “Hoje vejo com muita emoção que os objetivos foram cumpridos e que esta nova geração tem consciência da enorme importância do conhecimento, da cultura e da formação profissional para o seu futuro e para o desenvolvimento do nosso país”, completou.

O reitor da academia sublinhou que esse legado é bem evidenciado neste 37º grupo de finalistas, que incluiu “filhas e filhos de estudantes” da UAlg, lembrando que “muitos outros jovens continuam não ter essa oportunidade” de ingressar no ensino superior. Também o presidente da Câmara de Loulé lhes disse que têm “uma responsabilidade acrescida na vida da sociedade por terem tido as possibilidades de formação que tiveram”. “Estamos certos que alguns vão ter mesmo a responsabilidade muito grande no contexto social em Portugal e no estrangeiro”, afirmou Vítor Aleixo, lembrando-lhes que “cada um, no contexto da sua formação académica, vai ser chamado a colaborar na edificação de uma sociedade e na promoção de uma cultura que se querem mais humanas, respeitadoras da dignidade da pessoa e do bem comum”.

Também o presidente da Câmara de Faro vincou a ideia do bispo do Algarve, lembrando aos finalistas que o título académico deve ser colocado ao serviço da comunidade. “Pomos toda a nossa esperança e confiança no uso do conhecimento e das habilidades que adquiriram, de modo que, contribuindo positivamente para a nossa sociedade, para o nosso concelho e para o mundo, trilhem um caminho de sucesso e realização pessoal e profissional que seja igualmente propiciador do desenvolvimento da cidadania e do espírito crítico do progresso total e sustentável”, afirmou Rogério Bacalhau.

Em nome dos estudantes, a presidente da Associação Académica assumiu o compromisso. “Estamos preparados para enfrentar o mundo com confiança, conhecimento e uma sede insaciável de aprender e crescer. Olhamos para o futuro com esperança, determinação e otimismo, prontos para abraçar os desafios que nos aguardam, perseguir os nossos sonhos com paixão e fazer uma diferença positiva no mundo”, afirmou Rita Tavares.

Todos agradeceram às famílias, aos professores e restantes trabalhadores da UAlg que diariamente asseguram o funcionamento da instituição.

A celebração, que contou ainda com um minuto de silêncio em que foram lembrados os estudantes, funcionários, docentes falecidos no último ano e com a atuação das tunas da UAlg – ‘Versus Tuna’, ‘Real Tuna Infantina’ e ‘Feminis Ferventis’ – prosseguiu com a oração do compromisso dos finalistas e a entrega ao bispo do Algarve de um ramo de flores com as várias fitas que simbolizam todos os cursos presentes.

Texto e Fotos: Samuel Mendonça | Folha do Domingo

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