Essa seiva mágica, esse gás milagroso, que querem arrancar a todo o custo das entranhas da nossa costa e da serra, onde toca, inflama as mentes, atesta alguns bolsos que nunca serão os nossos bolsos.
É assim, redondinho e simples como isto. Por mais palavras que se derramem, por mais discussões acesas que se tenham, a verdade é que a ideia é mais poluente e perniciosa ao ambiente que as casas dos ilhéus que tanta celeuma têm feito aos pseudo – senhores do ambiente.
E depois de tanta verborreia a favor da natureza, estamos de matrimónio marcado, papéis preparados e marcha nupcial anunciada. É um casamento enjeitado à nascença, pois trai logo na sua génese os mesmos valores que se dispunha a defender. É uma espécie de relação tóxica, esta. E o ambiente será a vítima do adultério.
Nós, algarvios, ilhéus ou não, seremos poluídos pelo fracking, que usa químicos, que se espalha no solo, nas águas subterrâneas. Os derrames e as nossas atividades económicas tradicionais, desde a pesca até à laranja algarvia. A poluição e o turismo. As praias de bandeira azul. A gastronomia e a dieta mediterrânica.
Se não nos pusermos a pau, somos corridinhos. Há que parar este tango e não os deixar dançar a primeira valsa. Os argumentos a favor são dois pés esquerdos e não há garantias de coisa nenhuma. São mentira as promessas de mais emprego. Uma salsada, em boa verdade. O futuro reside com a sustentabilidade e com as energias renováveis e não com o mesmo fado de sempre – o dinheiro das velhas cantigas não pode comprar tudo. O resto, meus amigos, é folclore.
Selma Nunes